Sala dos espelhos

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O cenário é até que conhecido: uma casa, nem muito grande, nem muito pequena. Aliás, não dá para ter noção do tamanho, de tantas árvores e arbustos nos arredores. A única indicação do que seria esse espaço é uma placa escrita “casa dos espelhos”, como aquelas vistas em parques de diversões de filmes que vimos em tardes ociosas.

Ao adentrar, encontramos inúmeros espelhos, todos refletindo imagens de forma distorcida e diferente. Éramos esticados verticalmente e horizontalmente, desfigurados a ponto de não enxergar a própria face ou ficar irreconhecíveis diante de uma imagem que não te representa. Representações apenas, mas que se tornam reais para nossa retina, acostumadas a lidar com espelhos e reflexos fiéis de nossa suposta forma. Por quanto tempo aguentaríamos nos ver deformados, sem a chance de nos vermos de modo “normal”?

Talvez depois de um tempo, nos esquecemos do que somos, e absorvemos o que nos passam. Somos tudo isso daí: baixos, altos, gordos, magros, cabeça pequena e/ou grande, assimétricos.  O que sobrou do que nos conhecíamos? O que vai ser da…

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Um a menos. Se as superstições estiverem certas serão sete anos de azar. Mas azar é de quem se enxerga naquela distorção. E lá se vai o espelho da imagem baixinha, da alta… já deveria estar na casa dos 3 dígitos de azar em anos. milhares de fragmentos no chão e o sangue gotejando em alguns cacos e no punho. E assim prossegue, estilhaço por estilhaço, até o último espelho.

E sobra então uma sala com restos do que já foi, porém com seu espaço real revelado, sem espelhos. Uma porta é revelada, e na passagem desta, estamos no fundo da casa, de frente a um outro espelho. Desta vez, não-sólido, um espelho d’agua. Agora podemos observar a imagem que estávamos acostumados…

...ou não

…ou não